sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Vaidade


"Todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir. O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós." Ec 1: 8-10


Até hoje, nada mudou, nada se tornou novo, é tudo a mesma coisa sempre todos os dias.
Tudo o que o homem come ou bebe, quando não é pra afirmar o que ele é, é para fazer com que as pessoas acreditem naquilo que ele não é.

Tudo que o homem veste, compra e usa é para firmar sua auto-estima diante de uma sociedade que teme assumir o que é.

Nada mudou! Nada se tornou novo! Tudo continua sendo vaidade.

A vaidade é uma doença que podemos comparar com o virus do HIV.
O HIV é o vírus que causa a AIDS. Nem todos que têm o HIV têm AIDS, mas todos os que
têm AIDS têm o HIV. O HIV leva à AIDS quando o sistema imunológico fica tão fraco, que
o organismo contrai várias infecções, tais como a tuberculose e o cobreiro. Estas são chamadas
de “infecções oportunistas”, porque usam a oportunidade que o HIV oferece para infectar o
organismo. São estas e outras doenças que matam a pessoa, e não o HIV ou a AIDS. Enquanto parecia quieto lá na dele, parecia não gerar problemas maiores, mas quando algo desencadeou isso numa doença, ele iniciou processo de destruição.

Quando os olhos do homem foi aberto no Éden, esse virua chamado vaidade espalhou muitas doenças. Com o tempo a vaidade se aprimorou e descobriu um horizonte de oportunidades de se saciar. Desenfreou o desejo de ter e o de ser, ao ponto de modificar personalidades e moldar caráter.

Tudo o que é bom a vaidade aproveita para transformar em ruim.

A vaidade descobriu no sexo, no poder e no dinheiro a fonte para satisfazer todos os seus prazeres.

Por um instante olhei para este mundo e para as pessoas que andam e correm de um lado a outro sem chegar a lugar nenhum e sem saber, afinal, para onde estão indo, porque na verdade não sabem nem para onde eles tem que ir.Olhei por um instante para isso tudo, como um espectador, como alguém que estivesse só assistindo a isso tudo, como quem que não estivesse nesse mundo, por um instante percebi que tudo é vaidade se não houver um porquê. Não um porquê disso tudo, mas um porquê do homem nessa vida.

Olhei e percebi que até o que eu fiz nesse pequeno instante não era novo. Não fui o primeiro, talves não seja o único e com certeza não serei o ultimo.

Preservar intacto o seu "eu" interior primário nesse mundo de vaidade é muito dificil.

Adão não sabia, mas a vaidade fez os homens que vieram após ele descobrir que o sexo tem formas, tamanhos e meios de dar prazer desmedidos.

Eva não sabia, mas a vaidade fez as mulheres que vieram após ela descobrir que tinha poder para fazer muito mais que convencer um homem comer de um fruto proibido.

A vaidade desnudou diante dos olhos humanos muito mais que um simples corpo físico nú, mas desnudou dependências e vicios, desnudou fraquezas e impotências e arrebanhou para si escravos da sua vontade desmedida, insaciável e descontrolada. Desnudou o que tinha de pior na natureza humana.

A vaidade dá tudo o que os olhos desejam ter, que a alma deseja sentir e o corpo deseja experimentar. Tudo isso não é novo, tudo isso é vaidade sobre vaidade. E o fim que a vaidade deseja para nós é a morte.

Um instante é pouco, deixei de ser espectador e voltei pra história.

Mas fica-nos a pergunta: "Quem nos livrará do corpo dessa morte?"

Ou pra ficar melhor: Quem deixaremos nos livrar da vaidade que quer nos levar à morte? Quem?


Graça e Paz