segunda-feira, 12 de maio de 2008

...e a Pedro.


"E, passado o sábado, Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo. E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nascer do sol.E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro? E, olhando, viram que já a pedra estava revolvida; e era ela muito grande. E, entrando no sepulcro, viram um jovem assentado à direita, vestido de uma roupa comprida, branca; e ficaram espantadas. Ele, porém, disse-lhes: Não vos assusteis; buscais a Jesus Nazareno, que foi crucificado; já ressuscitou, não está aqui; eis aqui o lugar onde o puseram. Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse." Evangelho Segundo Marcos 16:1-7


O Apóstolo Pedro foi a principal fonte que João Marcos, autor desse evangelho, utilizou para compor esse escrito. E por esse motivo que quando lemos essa passagem, vemos essa declaração feita a respeito dos discípulos e de Pedro. Porque isso foi muito significativo para Pedro relatar isso para Marcos. Porque essa pequena frase era de uma importância indizível para Pedro. Para ele ouvir as mulheres que haviam vindo do sepulcro do seu mestre dizer que Jesus havia mandado avisar sobre sua ressurreição para os discípulos e fez menção particular do seu nome, isso era maravilhoso. Ele não esqueceu de mim!- Se maravilhou com certeza Pedro. Mesmo eu tendo negado ele três vezes no momento mais difícil da vida dEle, Jesus não esqueceu de mim, não me rejeitou!
Eu fico imaginando que para Pedro, aquela frase - ...e a Pedro – Foi um bálsamo para seu coração entristecido e amargurado pela traição que havia cometido com seu Mestre. Sentiu-se importante novamente e perdoado.

Aquele Pedro que era autoconfiante, soberbo, presunçoso, orgulhoso, egoísta e invejoso que quando conheceu Jesus se considerava um excelente pescador, que acreditava que com a força do seu braço podia conquistar qualquer coisa, que por ter participado de um evento sem igual com Jesus no Monte da Transfiguração, que foi aquele que disse para Jesus que não podia ir a nenhum outro porque só Jesus tinha a palavra de vida eterna e que também foi o que recebeu a revelação de Deus de que Jesus era o Cristo filho do Deus vivo, esse Pedro, que queria ser o maior no Reino de Deus e que um dia disse ao seu mestre que nunca o trairia, nunca o abandonaria, viu sua vida desmoronar diante de uma simples empregada, logo ele que havia cortado a orelha de um soldado para salvar seu mestre. Ter medo justamente de uma emprega? De uma simples mulher? O mundo de Pedro desmoronou. Tudo que ele pensava que sabia e que conhecia a seu próprio respeito foi embora depois que percebeu o galo cantando. Ele viu que já não sabia de mais nada. Se apoderou de Pedro a tristeza e a profunda a amargura de ter traído o mestre. Não se considerava mais digno nem de ser chamado de discípulo, muito menos de ser lembrado pelo Mestre. Sua vida passou diante de seus olhos como numa tela de cinema e viu como ele era e de como ele cometia erros, mais até do que os outros discípulos. Tão ruim senão pior do que Judas Iscariotes.

Mas essa frase - e a Pedro - era tudo que ele precisa ouvir para começar a ser curado por Deus. Pedro começou a entender que sem Jesus em sua vida ele era um simples pescador. Que o que ele pensava a respeito de si próprio, antes do episódio que ele negou Jesus, havia mudado. Se tornou mais humilde e quebrantado, reconheceu que ele só seria Pedro o apóstolo, o pescador de almas, se ele tivesse Jesus. Sem Jesus ele não passava de um simples dono de barco de pesca.
Um dia o Rei Salomão recebeu de Deus muitas coisas que não havia pedido. Se tornou um homem conhecidíssimo e poderoso em sua época por causa da sabedoria e paz que Deus havia concedido a ele. Só que um dia Salomão por causa da soberba que se instalou em seu coração, achou que podia ser quem ele era com Deus, sem ter Deus. Ele achou que podia viver sem Deus e continuar sendo o mesmo Salomão, independente de Deus. No fim de sua vida cheia de vaidades, chegou à conclusão de que o princípio da Sabedoria era o temor do Senhor.
Pedro começou a entender isso quando um dia ele junto com alguns discípulos pescadores, resolveram sair pra pescar. Jesus os esperava no praia com peixe e pão na brasa. E Jesus começa a tratar as feridas de Pedro, começa a lembrar a Pedro quem ele era e reconhecer isso diante do seu mestre, reconhecer diante de Jesus quem ele realmente era por dentro, para que assim Jesus pudesse começar a transformá-lo naquilo que Deus havia proposto para a vida dele.

“E já era a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dentre os mortos. E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros. Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: SENHOR, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.” João 21: 14-17


Jesus com sua primeira pergunta para Pedro mostrou para ele que havia dentro de seu coração ainda um desejo de ser melhor do que os outros diante do seu mestre, um coração egoísta, que precisava ser mudado.
Com a segunda pergunta, Jesus lembrou a ele que o amor tem ir além de simples palavras jogadas ao vento, que elas precisam condizer com atitudes geradas por disposições internas de obediência a Deus.
E com a terceira pergunta Jesus fez Pedro reconhecer a soberania de Deus sobre a vida dele. Pedro reconheceu que o que ele sabia, o que ele achava e julgava de bom sobre si mesmo era falso, porque ele precisava entender que Deus era quem devia ser sua força e sua confiança. Pedro estava se sentindo envergonhado, humilhado, estava com seu orgulho ferido. Jesus deixou exposto e patente diante de todos quem realmente era Pedro. A imagem que Pedro havia construído de si próprio para si e para os outros, foi destruída por Jesus.

Reconhecer que somos limitados e totalmente dependentes de Deus. Que Deus não nos criou para que sejamos independentes, que não nos criou para que cuidássemos de nossas próprias vidas. Deus não nos deu essa capacidade, porque fomos criados para viver por meio dEle somente.
Aquelas mulheres quando foram visitar o sepulcro de Jesus pensavam ao caminho como elas retirariam a pedra do sepulcro e quando chegaram lá a pedra já havia sido removida. Existem pedras que é responsabilidade nossa retirar, mas existe uma pedra que só Deus pode retirar e que pedra é essa? É a pedra que nosso coração se tornou. A palavra diz que Deus troca nosso coração de pedra por um de carne, essa é a pedra que só Deus pode remover para que possamos contemplar a ressurreição de Cristo em nós. Ele entra no mais profundo do nosso íntimo para de lá tirar os caminhos maus que temos escondido dentro de nós e que desconhecemos ou por muitas vezes preferimos ignorar e deixar lá quieto, pensando que assim Deus estará tratando. Aí é necessário que o Espírito Santo venha e nos faça perguntas para destruir todo sofisma e fortalezas que foram levantadas dentro de nós e venhamos a nos quebrantar e nos humilhar diante de Deus.

“Na verdade, na verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando já fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras. E disse isto, significando com que morte havia ele de glorificar a Deus. E, dito isto, disse-lhe: Segue-me.” João 21:18-19

Jesus mostra para Pedro que um dia ele foi independente, mas que agora ele ia aprender a ser DEPENDENTE de Deus.
No fim de sua vida, Pedro deve ter visto como valeu a pena a dor que sofreu, como foi bom e proveitoso todo aquele aparente sofrimento e vergonha.

Hoje estou começando a entender na pele, assim como Pedro, o que significa a palavra que diz que “a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente”.

Que a Graça, a Paz e a voz do Espírito Santo que retira as pedras de nossos corações e que não esquece nossos nomes, esteja sempre com cada um de nós endireitando nossos caminhos.